Gerenciamento do tempo na carreira médica

Muitos colegas de medicina nunca sequer pararam para pensar em planejar a carreira. Planejar o seu tempo então? Quase ninguém.

Saímos da faculdade e numa velocidade incrível, entramos no efeito manada, trabalhando desesperadamente na maioria dos casos.

Eu me lembro de trabalhar mais de 100 horas por semana e achar que aquilo era normal, afinal de contas, eu “era médico”.

Especialização lichaamsportschool.com, plantões para ganhar a vida, concurso para oficial de saúde da PMMG, diretoria técnica de um Hospital falido, sociedade em uma UTI móvel. Ufa!

Era uma ascensão rápida e deliciosa para um jovem médico que queria fazer a diferença. O sucesso parecia saboroso, mas não foi assim para sempre.

Com o passar do tempo, o acúmulo de funções me tirava o sono e pior: tirava a paz.

Com poucos anos de medicina eu estava obeso, sedentário e tabagista: “aquilo” não era nem de longe a imagem de um cardiologista, ex-campeão mineiro de ciclismo.

Um dia o boleto de cobrança chegou: o telefone tocava e eu passava mal: remoções de pacientes, problemas no hospital, comando da PMMG me acessavam a todo momento.

Eu vivia de sobreaviso 24 horas por dia, só que todos os dias, inclusive feriados. Tomava remédio para dormir e pior: já não fazia efeito!

Parecia que as coisas não terminariam bem, porém, decidi mudar!

Sair do banco do passageiro e assumir o volante da minha vida.

Continuar ignorando que eu só teria uma vida e que ela não estava boa, poderia ter me levado para a lona ou caixote de madeira.

Era necessário mudar uma coisa: a tomada de decisão!

Naquela época eu “não tinha tempo para nada” nem para viver a minha vida, quanto mais para pensar nisso.

Demoraram alguns anos após ter deixado o sedentarismo, a obesidade e o cigarro para de fato eu entender todo o processo.

Início da carreira.  finish de uma ultramaratona de 50 km na chuva em 2017

Início da carreira X “finisher” de uma ultramaratona de 50 km na chuva em 2017.

Eu queria ter mais TEMPO, mas não sabia gerenciá-lo e dava sempre uma desculpa.

Não tomar consciência da gestão do tempo trata-se, na verdade, de uma das maiores negligências do médico em relação à própria vida.

Quando falamos de gerenciar o tempo, estamos quase cometendo um equívoco, pois o tempo talvez seja o “bem” mais democrático do universo: é idêntico para todos, sem exceção.

Então, como gerenciar algo imutável?

Gerenciar o tempo nada mais é que gerenciar escolhas:

  • Profissionais;
  • Pessoais;
  • Familiares;
  • Sobre a nossa saúde;
  • Relacionamentos.

Gerenciar as nossas escolhas pode parecer mais uma armadilha para a “turma sem tempo” pelo erro de se acreditar que se trata de algo complexo, difícil e subjetivo.

Não é coincidência que as pessoas que menos gerenciam o próprio tempo são as que tem a vida mais corrida, estressante e “sem tempo”.

A minha missão aqui não é fácil, mas é de simplificar esta árdua tarefa para você, colega médico.

Além disso, quero mostrar a verdadeira importância de se valorizar o tempo como o maior “ativo”, o maior bem que um ser humano desfruta nesta existência.

Após as minhas duas formações em Coaching, descobri uma nova área da ciência comportamental chamada “decisionmaking”.

Duvida entre a decisão A ou B.

Foi a partir do estudo de como podemos otimizar o nosso processo de tomada de decisão, que passei a aplicar os quatro passos que irei compartilhar com você abaixo:

1- Defina suas linhas de chegada:

Pode até ser pela minha vida desportiva, mas chamo de linha de chegada as metas, objetivos e sonhos que você tem agora.

Gosto de sugerir aos meus clientes de coaching e mentoria, que escolham uma linha de chegada não para todas as áreas da vida.

Neste momento, a perda de foco gera desmotivação, perda de energia e retorno “piorado” à antiga vida de caos e inércia.

Gosto de sugerir em torno de três linhas de chegada:

  • Pessoal;
  • Profissional;
  • Financeira.

Certamente, como Coach, oriento que tenhamos uma projeção de tempo para que elas aconteçam.

A grande pergunta neste caso é:

Como eu quero estar em 2, 5, 10 anos nestas três áreas da vida?

2- Obtenha mais clareza com a técnica do “empilhamento de porquês”

Uma armadilha comum que a nossa mente nos apresenta neste processo é de querer tornar automatizado e prático por simples economia de energia.

Infelizmente a consciência gasta mais energia que viver no modo “zumbi”, no efeito manada ou dominó.

É por isto que seu cérebro vai tentar te passar a perna agora.

Não permita que isso aconteça: é você que está em jogo, lembre-se disso!

Aplicar a técnica dos porquês é a melhor forma de ampliar a clareza que você necessita para saber com mais precisão cada linha a ser cruzada.

A forma mais poderosa de executar esta ferramenta é aplicar, sucessivamente, pelo menos sete a dez perguntas: Por que?

Segundo experts, as três primeiras perguntas trarão à tona apenas a decisão automática, superficial. Aqui precisamos mergulhar mais profundo para obter mais resultados no médio e longo prazos.

No final deste exercício, pergunte-se: as minhas linhas de chegada estão definidas?

3- Faça a engenharia reversa:

Após definir onde e como você quer estar em determinado espaço de tempo, uma estratégia que nos aproxima das nossas metas e objetivos nestes campos é ir dividindo estes grandes blocos de transformação em fatias menores e mais digeríveis.

A pergunta aqui é:

Se para eu estar “desse jeito” daqui a 10 anos, o que eu preciso fazer nos próximos 5 anos? E no próximo ano? E no mês que vem?

Esta é uma famosa e simples estratégia para simplificar e mostrar para a nossa mente, o quão é executável o nosso plano.

4- Tenha um propósito:

Esta poderia ser a dica única ou a número um, contudo, decidi colocá-la por último para criar a jornada antes do grande destino final.

Boa parte dos médicos que conversei; amigos, clientes e em pesquisas com os seguidores dos nossos projetos de Otimização da Carreira Médica, sequer pensam em propósito de vida.

Setar o seu propósito fará com que não só seja mais fácil como,também,tornar a jornada mais prazerosa.

Quando nos conectamos a algo maior que nós mesmos, possibilitamos que os baques e solavancos da vida nos faça crescer a cada desafio.

A pergunta a se fazer agora é: se a medicina acabasse, se a vida estivesse chegando ao fim: Pelo que valeu a pena ter lutado? O que terei orgulho de contar aos meus “perguntantes” tatatataranetos?

Enfim, acredito que para tornar a gestão do nosso tempo mais executável, precisamos mesmo sair da zona de conforto e encarar a nossa tomada de decisão aplicando os passos acima sistematicamente.

Aprimorando nossa tomada de decisão, nos tornaremos gestores profissionais de tempo, fazendo escolhas que progressivamente nos aproximam do futuro que escolhemos criar e viver com orgulho.

Afinal, uma coisa é certa: o tempo vai passar e a cada dia automático, perdemos a chance de extrair o melhor da nossa experiência de vida.

Agora restam duas escolhas: Ou você dá um jeito ou uma desculpa!

Desejo coragem para plantar e colher os bons frutos da sua gestão de vida e de carreira.

Um forte abraço,

Christian Hans Drumond Westgeest

CRMMG-38416

Cardiologista – RQE: 25820 desde 2006

Ecocardiografista titulado – SBC | DIC 2013

Pós graduado em Medicina do esporte

CoachPractitioner e Advanced | ABRACOACHING

Atleta amador de Ciclismo e Mountain Bike

Pai de uma princesa e dois filhos amigos.

Empreendedor fundador dos projetos: Segredos do Mountain Bike e

www.aposmedicina.com.br | www.profissaomedicina.com.br

Contatos para palestras, coaching e treinamentos:

[email protected]

Christian Hans Drumond Westgeest

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